quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

A chuva cai, mansamente, sob as árvores do jardim daquela casa. Uma casa branca, um branco diferente dos que estou habituada a ver, branco triste, gasto, velho. Aquilo não é uma casa. É uma outra coisa. Olho fixamente para uma das árvores, chama-me a atenção a cor das suas folhas que contrastam com a cor do seu tronco. Todas as árvores do jardim são semelhantes, mas aquela árvore não é semelhante a nenhuma das outras. Pergunto-me como pode ser possível, num sitio assim, haver uma árvore tão melodiosa. Não encontro resposta. Olho para as restantes árvores e deparo que são esqueléticas, parecem anorécticas. Encontram-se viradas umas para as outras. Grito, em voz baixa, que elas não prestam e que não passam de árvores banais. Elas ouvem e as suas folhas encontram-se agora em foco viradas para mim… Não tenho medo de árvores e digo-lhes que não me importa o facto delas ali estarem, delas existirem, delas respirarem. Não me importa porque sei que no meio delas está uma árvore bonita e cheia de brilho. Uma árvore diferente. É essa árvore que está ao pé da campa dos meus avós.

2 comentários:

  1. O maior orgulho dos teus avós tambem brilha e muito. E merece daqui o maior abraço do mundo.

    Sempre.

    beijinho

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  2. Quem admira os mais velhos da família e os ama é, de certeza, boa pessoa.
    bj

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